quinta-feira, 6 de março de 2008

Euforias e tristezas dos portugueses

A Coroa Portuguêsa levava um quinto (ou 20%) como imposto sobre o valor do ouro que era produzido na ex-colônia. Hoje o governo do Brasil morde mais do que eles, quase dois quintos (ou quase 40%), sobre tudo o que é produzido, comercializado ou executado por este cafundó do Judas, o quinto dos infernos.

Pela mordida que Portugal dava, Tiradentes chiou, foi enforcado em 1792, virou herói nacional e nas pinturas que fizeram dele fica sempre parecido com Jesus Cristo, se é que Jesus tinha ou tem aquela cara de 007 ou de Harrison Ford dominados pelo Darth Vader. Me engana que eu gosto!

A grana que Portugal levada daqui na forma de ouro, sal, madeira e outros produtos, era quase todinha repassada para os ingleses, para pagamento dos produtos que eram importados daquela ilhota escomungota que, além de dominar os sete mares, proibia que qualquer coisa fosse produzida pelos patrícios gastadores, cujos mandões, os reis e seus acólitos, eram senhores de gastos nababescos, como obsequiar suas amantes, ou concubinas, ou espingardas, ou sexta-feiras, com moedas de ouro, alguma coisa parecida com cartões corporativos, culminando com a sangria praticada pela Igreja Católica, como era de praxe
et dominus vobiscum.

Vomitada a
repúbrica em 1789, o presépio, apesar de mudar de presepeiro ou tomador de conta do dito cujo, de forma mais ou menos regular no decorrer do tempo, continua com a mesma enganação, a nos entupir os ouvidos de que o crescimento da nação exige que estouremos, expludamos, nossos corações. De trabalhar arduamente, de ser obrigado a pagar todos os impostos na fonte - no supermercado, no açougue, na sapataria, no sapateiro, no botequim que fica ao lado do sapateiro – No meu caso! -, no motel, no posto de gasolina ou gasolina aditivada, podendo ainda ser álcool, óleo diesel - ou chegando ao ponto de nos deixar estressados por não concordarmos com a roubalheira de nossos políticos e outras curriolas disfarçadas nos mais incríveis burrinhos de presépio. Ou será que somos nós os burrinhos de presépio devido aos referentes acontecidos, conforme dizia o Conde Antonio das Pregas Perdidas, pelos quais praticamente não fazemos nada contra, por permitimos que continuem per saecula saeculorum nos enganando? E depois de 10 anos de aposentadoria - No meu caso traveiz! - receber menos que 4 salários de referência quando deveria estar recebendo 10, e tendo a certeza de que não irei receber menos de um salário de referência. É apenas uma questã de tempo! Esse limite, o fiadaputa do governo (diz que) respeita, talqualmente, citando novamente o Conde Antonio das Pregas Perdidas, ele paga pra muitos dos desvalidos que jamais contribuiram para a previdência.

Falei isso só por falar, de forma abreviada, e mais não falarei porque esse assunto me desgasta e corrói não apenas meus neurônios, mas também a minha fé abalada no futuro desta nação que um dia vislumbrei respeitosa e respeitada e que agora a comparo a outra coisa que por mais que me jurem que “ - isso vai mudar, não diga uma coisa dessa, Norival!”, não possa deixá-la de comparar com o cocô do cavalo do bandido.

O que eu queria falar mesmo, e vou começar por onde eu realmente queria começar, era e é sobre algumas situações atuais e rotineiras pelas quais andam passando nossos patrícios de Portugal e que dão mote e alimentam suas discussões diárias. Nada de BBB8, desmatamento da Amazônia, roubalheira de nossos políticos, apesar deles estarem muito bem antenados com a Globo lá naquelas lonjuras.

O que descreverei é fruto de minha curiosidade sobre povos e costumes e nada melhor do que recolher daquela terrinha que tão bem acolhe nossos irmãos que deitam o cabelo pra lá algumas notícias que circulam entre eles. E como não sou nenhum egoísta nas informações que obtenho e que tenho certeza de que não fazem parte das procuras principais de todos os internautas que me obsequiam com suas visitas, dessa navegada pela web resultou na compilação de algumas pinçadas que dei em um blog português batizado de SOB OS CÉUS DE LISBOA, escrito por duas brasileiras, onde fatos relacionados com o Brasil entram no bate-papo corriqueiro delas, permitindo-nos saber como e que de forma influímos ou somos citados nos seus cotidianos e o que eles pensam sobre nós. Para ver o resto da matéria, basta dar uma clicadinha no link correspondente, sempre representado pelo próprio título da matéria. Então, vamu qui vamu!



Cigarro? Do lado de fora, se faz favor!

Manhã de 2 de Janeiro de 2008. Caminhava como de costume rumo à biblioteca Camões para estudar, quando percebi um movimento ainda maior do que o habitual nas calçadas. Os cafés do Chiado estavam quase vazios, enquanto grupos de pessoas se amontoavam do lado de fora de cigarro em punho. Ouço um senhor de idade avançada reclamar: "fumei toda a vida e não morri, agora sou obrigado a ficar no frio... Um absurdo!". A nova
Lei do Tabaco tinha entrado em vigor no dia anterior... a Fundação Portuguesa de Cardiologia calcula que 20 a 26% dos portugueses fume... recentemente o director-geral da Saúde, Francisco George, declarou ao jornal Público que não faz sentido discutir formas de contornar a Lei do Tabaco.

O artigo termina assim, ó: “Parodiando Zeca Pagodinho, "quem quiser fumar, que fume"... Mas, se faz favor, do lado de fora!”


Por causa dessa notícia, tirei Portugal das minhas rotas de passeio. Vou pra Bangladech, pro Iraque, pro Afeganistão, desde que possa fumar sem quaisquer restrições!


O momento poderia ter sido melhor. A derrota frente a Itália há pouco mais de uma semana, depois de um 2007 em que foi acusado de agredir um jogador em campo e em que a classificação para o Europeu 2008 saiu por pouco, definitivamente não ajudou. Ainda assim, Portugal não se esqueceu de comemorar os cinco anos de Scolari, como é chamado por cá, como “seleccionador nacional” (técnico da selecção)... levou Portugal ao vice-campeonato no Europeu de 2004, e a um honroso quarto lugar no Mundial de 2006 (nunca me vou esquecer do olhar de pena dos portugueses no dia em que venceram um jogo e o Brasil perdeu a Copa). Foi o único seleccionador a participar com a equipa das quinas em três “fases finais” (dois europeus e um mundial), e aquele que orientou mais jogos da selecção... Scolari fez muito mais. Ensinou os portugueses a torcer, pendurar bandeiras, enfeitar ruas; receber a selecção nacional, interromper o expediente na hora dos jogos, fazer uma grande festa. Privilegiou os jogadores com espírito de equipa, e brigou para que um português naturalizado (o também brasileiro Deco) estivesse na selecção, contra a opinião de nomes como Figo – o melhor entre aqueles com quem jogou aqui, nas suas palavras. Tornou Portugal um pouco mais brasileiro, e os portugueses um pouco menos preconceituosos.

E agora, quando se comenta a boca pequena que sairá depois do Euro 2008, torcemos todos – brasileiros e portugueses – para que fique um pouco mais. E não podemos deixar de dizer: Parabéns, Scolari!!!


Portugal vive onda de assassinatos


Começou com uma série de crimes no Porto... localidade vizinha a Lisboa que faz as vezes de cidade-dormitório, na forma de um assassinato num bar chamado "O Brasileiro" (até onde sei, o nome é a única relação com o Brasil). E hoje um segurança do Colombo –- o centro comercial (shopping) que costumo frequentar –- foi encontrado esfaqueado e morreu.

Mas o que me fez sentir a criminalidade muito próxima foi descobrir... que a vítima mortal...
era uma colega de profissão... o seu assassinato afectou-me muito. Na verdade, perturbou a paz de espírito de quem, quando teve que optar entre se fixar de vez em Lisboa ou voltar para o Rio de Janeiro, achou que seria irresponsável fazer a segunda opção e abrir mão da sensação –- maravilhosa -– de viver em segurança. (O negrito é meu, para chamar a sua atenção, leitor amigo!)
Aos seus familiares e amigos, deixo os meus sinceros pêsames. Às autoridades portuguesas, faço um apelo para que impeçam que continue o processo de "abrasileiração" desta minha pátria escolhida.

Rock in Lisbon
Saudades do Rock in Rio? Não está disposto a esperar mais uns anos para participar no super-evento na sua versão original? Então que tal conhecer a Cidade do Rock do parque Bela Vista e, de quebra, visitar Lisboa?



Se eram exactamente estes os seus planos, saiba que está na hora de os concretizar: começou hoje a venda de ingressos para os concertos (shows), que decorrerão de 30 de Maio a 1 de Junho e a 5 e 6 de Junho. Há apresentações para todos os gostos. A programação inclui Amy
Winehouse, Lenny Kravitz, Bon Jovi, Alanis Morissette, Alejandro Sanz, Rod Stewart e Metallica. Do Brasil, vêm Ivete Sangalo, Skank e nomes que, tendo saído do país há sete anos, não conheço. E de Portugal há Zé Pedro – do Xutos e Pontapés – e João Gil, entre outros.


Os bilhetes custam 53 euros, e estão à venda na Fnac, no Millenium BCP (balcões aderentes) e na ticketline. Esta última opção é de venda on-line, e portanto muito mais fácil para quem está no Brasil... ou na Bélgica!


Poucos dias antes do embargo da União Europeia (UE) à carne brasileira entrar em vigor, o meu marido foi a um restaurante e pediu uma Picanha Brasileira. Na hora em que foi servido, o garçom (empregado de mesa) avisou: “A picanha é à brasileira, mas a carne não vem do Brasil”.Poucos dias antes do embargo da União Europeia (UE) à carne brasileira entrar em vigor, o meu marido foi a um restaurante e pediu uma Picanha Brasileira. Na hora em que foi servido, o garçom (empregado de mesa) avisou: “A picanha é à brasileira, mas a carne não vem do Brasil”.

Foi um sinal de que os tempos estavam a mudar. Portugal é provavelmente o país da UE com maior consumo de picanha brasileira per capita. Nos talhos (açougues), nos restaurantes, nos supermercados, em todo lado há carne anunciada como “do Brasil”, e sempre que brasileiros que vivem na Europa nos vêm visitar vamos ao Picanha, um restaurante em Belém que só serve picanha, arroz, feijão, batata e salada – e uma linguicinha com pão de queijo de entrada, que ninguém é de ferro.

Por isto, quando li no Público que o governo brasileiro tinha admitido ter exportado carne sem fiscalização sanitária fiquei preocupada. Mas, ao ver no Globo que o governo vai mesmo ceder e dar a lista de 300 exportadores, já estou mais aliviada. Espero que o Brasil demonstre ter capacidade de fiscalização de mais fazendas, para garantir a picanha nossa de cada dia.

Sobre essa matéria, o blog recebeu os seguintes comentários, entre outros:

Nome: Detamos Sousa Nogueira - 18/2/2008 - 21:26
Na maior parte dos restaurantes de Portugal são mais utilizadas as picanhas da holanda e da irlanda (entre outras europeias), devido ao seu menor preço.
Em restaurantes que primam mais pela qualidade, a picanha brasileira sofre grande concorrência das picanhas do uruguai e argentina (admito que possuem uma qualidade média maior, mas acho que são um pouco mais caras).Cumprimentos,


DTVox (quase 11 anos em Portugal)
Resposta: Olá, pode ser pelo sotaque, mas ouço (ou melhor, ouvia) com alguma frequência os empregados de mesa dizerem "a picanha é do Brasil!" nos restaurantes. Mas confesso que onde consigo controlar melhor a origem é no supermercado, onde há um autocolante que diz "Brasil", e nos talhos, onde os cartazes diziam a mesma coisa. RR

Nome: marcelo moreira - 18/2/2008 - 11:13
Desde o começo do século (2001-2007), as exportações brasileiras de carne bovina para os países da EU-25 cresceram 52% em peso e mais de 190% em dólares. A diferença do crescimento em dólares e peso é um indicador da agregação de valor às exportações brasileiras. É uma pena que o desleixo com a "imagem Brasil” (mesmo em questões básicas como garantia de sanidade alimentar) coloque em xeque esse esforço.
Por aqui, continuo fã do nosso delicioso churrasco.

Faz hoje um ano que Portugal votou num referendo à legalização do aborto – ou, para ser politicamente correcta, da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) – até a décima semana de gestação. Após uma campanha acirrada, o “sim” saiu vencedor, e seis meses depois a nova legislação entrou em vigor. Os médicos passaram a realizar a IVG ou tiveram de assinar “objecções de consciência”, e o então ministro da saúde pediu sem sucesso que a ordem dos médicos alterasse o seu código deontológico, numa discussão que ainda vai dar panos para a manga.
O saldo até o momento – ou seja, em seis meses – são seis mil IVGs realizadas, 60 por cento daquilo que se havia estimado. Os partidários do “sim” congratulam-se com este número, enquanto os do “não” ressaltam os efeitos colaterais que o aborto provocado pode ter para a mulher.

O facto é que, em Portugal, já nenhuma mulher vai a julgamento por ter optado por não ter um filho (sim, antes do referendo, havia mulheres a serem julgadas e condenadas pelo crime), nem precisa fazer um aborto arriscado em lugares sem condições. Espero que o ministro da saúde brasileiro José Gomes Temporão – “de origem portuguesa”, como insiste a imprensa de cá – consiga que o Brasil entre nesta discussão.
Bartoon, do (fantástico) cartunista português Luís Afonso
- I bibida prus músicus!

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