terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Meu tipo inesquecível 2

“Assistir o jogo” ou “assistir ao jogo”?

No penúltimo post publicado aqui, fiquei por uns momentos todo enrolado sobre quais das duas expressões acima utilizar no texto que redigia. Afinal, qual era a correta? Não titubeei por muito tempo! Em cerca de apenas alguns segundos, me veio à memória que tenho nas colunas à direita dos meus dois blogs um elemento a quem denominei de “Quebra-galhos”, onde se encontra um link chamado de "100 Erros mais comuns em português", a quem recorri e onde, após uma simples clicada e um coçadinha na cabeça (rodinha central) do mouse encontrei as respostas às minhas atrozes, ferozes e cruéis dúvidas.

Pode parecer idiotice minha, porém o fato é que posso não me assemelhar a nenhum burro, como à primeira dedução muitos haverão de pensar, pelo simples fato de frequentemente me esquecer de regrinhas simples como essa e que me obrigam a buscar fora das minhas lembranças aquilo que um dia foi um conhecimento ativo, funcional e rápido como a velocidade da luz. E o simples fato de eu ter colocado nos meus blogs tais muletas linguísticas para conseguir compor um texto entendível, acrescido do também simples fato de eu ter me lembrado disso e de saber procurá-las, demonstra, no mínimo, um lampejo de inteligência que por mais breve que seja contraria sumariamente a equiparação entre o burro e eu.

E por falar em lembranças, sou levado neste momento a uma época não tão distante no passado e refaço imagens como o desenrolar de um filme, onde essa regrinha e outras tantas como ela, que não seguram só a mim nas suas armadilhas, me foi apresentada lá no ano de 1957, quando iniciei os meus estudos ginasianos no Colégio Dom Bosco, tendo como professor – e ele o seria durante todos os quatro anos do curso ginasial – o saudoso Cel. Jayme Dantas, ainda ativo naquela época na AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras, e que mais tarde se transformaria em advogado e mestre em direito, sendo considerado um dos mais ilustres da nossa região em ambas as atividades.

Era um professor rigorosíssimo na constatação de que se o que ele transmitiu aos alunos havia sido mais ou menos assimilado, ou aprendido, por parodoxal que isso possa parecer a quem não se submeteu a seus ensinamentos da nossa língua. Tinha uma cadernetinha que sempre a puxava da pasta e todos sabiam que ali residia a sua opinião e a tática de ataque a cada aluno em momento adequado. Tremíamos quando ela a puxava e fazia alguma anotação no final da aula. Sabíamos que um de nós haveria de acertar contas por alguma regra desrespeitada, naquele dia do tal momento adequado. Não fazia questão de notas altas, pelo contrário, esses alunos dançavam fininho na prova oral final, porque tinham que mostrar que realmente mereciam aquelas notas. Eu, mais burro do que hoje, ficava sempre nos meus 4 ou 5 pontos, na velha escala de 0 a 10, e a prova oral para alunos dessa faixa de notas era mais um bate-papo com o aluno e que nada tinha a ver com o seu aprendizado no decorrer do ano letivo que se encerrava.

Recordo-me de alguns colegas que se encaixavam na primeira categoria, como o Niquinho, o Edinho, o Edson, o Maurício, o Zé (Era Zé, mesmo!), o João Luiz e outras sumidades da nossa turma que eram questionados severamente nessa ocasião. Foram todos uns CDF de primeiríssima linha, e não é à toa que hoje, talvez afora seus amigos mais chegados e os próprios parentes ainda os chamem por esses nomes, Para estranhos que necessitem informações sobre eles, porém, têm que se referir ao Dr Nicolau Moisés Jr., ao Dr. Edi-Nobá de Souza Balieiro, ao Dr. Edson de Almeida Balieiro, ao Dr. Maurício Abranches, ao Dr. José Maciel de Almeida e ao Dr. João Luiz Gomes, todos empresários bem sucedidos ainda labutando arduamente na região nas suas carreiras de médicos, com exceção do Dr. João Luiz Gomes que preferiu as carreiras de advogado e professor.

O Cel. e Professor Jayme Dantas foi escolhido por todos como o patrono da nossa turma, numa decisão onde a unanimidade prevaleceu soberana entre nós, seus eternos admiradores.

Para mim, além de me proporcionar uma sólida base de conhecimentos da Língua Portuguesa, apesar das verdadeiras barbaridades que impinjo a ela nas minhas elucubrações expressadas nas formas escrita e falada, resta-me a felicidade de haver tido um professor que, longe da severidade do mestre que aparentava ser, sempre se mostrou um amigo confiável naquilo que nos transmitia, como se a cada nova aula, a cada regrinha ensinada, estivesse nos mostrando um mundo novo que talvez jamais imaginássemos ser possível de um dia vislumbrarmos.

Por essas e por outras razões é que considero não poder deixar minha consciência permanecer afetada pelo que ele moldou em mim, sem nomeá-lo como uma das pessoas mais queridas que já passaram pela minha vida e que se transformou, para sempre, num dos meus tipos inesquecíveis.

Na foto abaixo, guardada com muito carinho no meu baú de recordações, temos uma tomada que mostra em primeiro plano o “batalhão” formado pelos “soldados” que compunham a nossa turma, todos que, igualmente como eu, se ajoelharam sobre a cartilha do Professor Jayme Dantas, tomada entre os anos de 1957 e 1960, não sei qual deles precisamente por falta de anotação, período onde se inseriram os quatro anos do curso ginasial que realizamos no Colégio Dom Bosco, aqui em Resende.

Foi num desfile do 7 de setembro, Dia da Independência, ou do 29 de setembro, dia da Emancipação do Município de Resende, originalmente chamada de Vila de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova. O local indica seguramente a passagem pela Rua Dr. Cunha Ferreira e, em continuação, essa marcha nos faria passar pela Praça Oliveira Botelho onde, bem em frente à Matriz, erguia-se o grandioso palanque das autoridades capitaneadas pelo prefeito que era, se não me falha a memória mais uma vez, ou o Dr. João Maurício de Macedo Costa ou o Dr. Geraldo da Cunha Rodrigues, ambos de saudosa memória.

Posso identificar ainda alguns dos meus colegas nessa foto, como o Maurício (1º plano, à esquerda), o Tirripa (Nelson Reeve, atrás do Maurício), e seguindo a seqüência, o Zé (não o Dr. Maciel), o Marino Rosas, o José Francisco da Cunha (que foi o nosso orador na formatura), EU, e semi-escondido atrás de mim, o Alfredinho (Alfredo da Silva Duarte). Espalhados pelo resto do “batalhão”, identifico ainda o Édson (Dr. Édson Balieiro), o Toninho (Dr. Antonio Fernandes de Azevedo), o Raimundo (Dr. Raimundo A. Jorge), o Edinho (Dr. Edi-Nobá Balieiro) e o Reginaldo (Reginaldo B. Diniz).

Cito apenas esses porque trombo sempre com alguns deles pela aí... pela nossa Resende. Os outros se dispersaram por esse mundo afora e nunca mais me encontrei com nenhum deles. Mas permanecem vivos nas minhas lembranças, com as nossas brincadeiras de adolescentes e o tempo que passamos juntos estudando e procurando aprender regrinhas que, como a lembrada do post anterior, nos proporcionaram ser o que somos hoje.

I bibida prus músicus!

2 comentários:

Anônimo disse...

Que lembranças queridas e saudosas de todos estes nossos amigos em comum.Principalmente, do nosso querido e saudoso Cel. mestre,que com certeza nos ajudou a abrir portas, na nossa empreitada laboral, pelos anos que nos mantivemos ativos no mercado.Como sempre, fico por aqui extasiado e agradecido ao grande amigo NORIVAL. Abraços.

Luiz Vicente Marques.

Anônimo disse...

Oi, Norival. Mt obrigada pela linda descrição de uma época mt feliz em nossa querida Resende e, particularmente, pela citação elogiosa a meu adorado irmão João Luiz Gomes. Abrs
Dulce M.G.T.