quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Galo made in Uruguai

Um fazendeiro gaucho tinha umas 200 galinhas no quintal de seu sítio e estava procurando um bom galo para produzir ovos galados, próprios para chocar. Um belo dia, ele vai na agropecuária do povoado e leva o seguinte papo com o vendedor:

- Boa tarde! Procuro um bom galo capaz de cobrir todas as minhas galinhas.
.
O vendedor pergunta:

- Quantas galinhas o senhor tem?

- No total, mais ou menos 200 galinhas! - Diz o fazendeiro.

Então o vendedor puxa uma gaiola com um galo enorme dentro dela, musculoso, com a crista de pé, olhos azuis, esporas com quase 10 cm de comprimento, e diz para o fazendeiro:

- Leva esse aqui, o Alberto. Ele não falha.

O fazendeiro leva o galo e no dia seguinte, pela manhã, solta-o no quintal. O galo sai correndo, pega a primeira galinha e manda bala. Pega a segunda, crava-lhe o fumo e, repentinamente, cai de costas, começa a babar, dá uma esticada nas pernas, dá umas estrebuchadas e finalmente fica quieto. Morreu ali, no cumprimento do dever!

O fazendeiro olha e diz:

- O que é que aquele filho da puta de vendedor me vendeu? Esse galo desgraçado só comeu duas galinhas e capotou!

Então, pegou o galo pelo pescoço, levou-o até ao vendedor e contou pra ele o que acontecera.

O vendedor se desculpou e puxou outro galo. Este era preto, com enorme crista amarela, olhos cinzas e baitas esporas também. E diz pro fazendeiro:

- Esse aqui é o Fernando. Observe o trabalho dele e depois me conta.

O fazendeiro volta pra fazenda com o galo e repete a manobra: solta o bicho no quintal, o galo sai alucinado, come a primeira galinha, pega a segunda e traça a penugenta. Quando está bombando na terceira, cai morto no meio do terreiro, igualzinho ao outro galo.

O fazendeiro, muito puto da vida, pega o galo pelas pernas, se manda pro povoado, entra na agropecuária e diz pro vendedor:

- Escuta aqui o seu filho de uma puta! É o segundo galo que você me vende e que não presta pra nada. É melhor você me vender um galo decente ou vou tocar fogo nesta merda.

Então o vendedor puxa um galo com ar de caquético, pelado, sem crista e com poucas penas, uma das asas arriada, faltando uma espora e tendo a outra quebrada, e diz ao fazendeiro:

- Olha aê, meu amigo, é só o que me resta. O nome dele é Tito e chegou por acaso num barco que veio do Uruguai. O fazendeiro, puto da vida, leva o galo pensando:

- Que caralho! Vou ter que levar essa bosta mesmo! O que farei com esse galo castelhano e todo fudido?

Chegando na fazenda, solta o Tito no quintal que, imediatamente, cisca pra cá, cisca pra lá, olha pra tudo quanto é lado e sai enlouquecido, comendo as 200 galinhas de uma corrida só. Dá uma respirada e come as 200 de novo. Aí, o fazendeiro, precavido, o apanha e o tranca na gaiola.
.
- Porra, um fenômeno esse galo! - Pensa o fazendeiro.

E as galinhas todas enlouquecidas com o Tito. Que o Tito isso... Que o Tito aquilo... - E com você o quê que ele fez?. – Ah! Comigo ele fez... Loucura total entre a galinhada!

No dia seguinte solta o bicho de novo, que sai levantando poeira, dá duas voltas no seu território exclusivo e faturando tudo que é buraco com penas que encontra pelo caminho. O fazendeiro corre atrás dele, pega-o pelo pescoço, dá umas chacoalhadas para acalmá-lo e o prende de novo na gaiola.

- Que galo excomunguento! Vai me dar uma produção espetacular! Agora sim, vou ficar rico!

No dia seguinte, vai buscar o galo e encontra a gaiola toda arrebentada: o Tito havia fugido!

Sai correndo pro quintal e encontra todas as galinhas cacarejando e balançando sem parar os rabos empinados. O fazendeiro então raciocina:

- Ele vai comer as galinhas do vizinho! Tô fudido! Vão me matar!

Então pega o cavalo e sai procurando o Tito desesperadamente, até que o vê bem lá longe, caído no chão da estrada. Aproxima-se dele e vê uma cena estarrecedora: o Tito deitado de barriga pra cima, olhos fechados, bico aberto, as asas também abertas e as pernas esticadas e, acima dele, voando em círculos no céu, havia um bando de urubus voando ameaçadoramente. Quando viu a cena, o fazendeiro entendeu a situação.

- Nããão, o Tito morreu! Justo quando encontro um galo de verdade... Que desgraça!

E no meio do lamento do fazendeiro, vagarosamente o Tito abre um olho, olha pra ele e, apontando os abutres com mexidas sutis da cabeça, dá-lhe uma piscadinha e diz bem baixinho:

- Shhhhhhhhh! Acalma-te hombre, que ellos están casi desciendo!

- I bibida prus músicus!

2 comentários:

valter ferraz disse...

Norival,
já estava arrebentado de dar rizadas com os posts alí debaixo, desde a Lulabele que voltou rebocada e encontro mais este galo desgranhento!
Voce é demais, cara.
Deixa eu ir embora, sen/ao vou ter que trocar o fraldão.
Abraço forte

Norival R. Duarte disse...

Obrigado pelo abraço e pela visita, Valter!

Que bom que você tenha gostado do que viu no meu blog!

Também estive há pouco dando uma espiada no seu. Amanhã volto lá e deixo um recado naquele post do jornalista que faleceu ontem.

Um grande abraço, Norival.