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Dia de Tiradentes brindou a cidade do Rio de Janeiro com dia de sol forte. Temperatura máxima foi de 35 ºC.
Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo
Praia de Ipanema ficou completamente lotada neste feriado.
O feriado de Tiradentes nesta quinta-feira (21) brindou a cidade do Rio de Janeiro com um dia de sol forte. E os cariocas aproveitaram: a praia de Ipanema, na zona sul, ficou completamente lotada.
Amanhã, a previsão é de mais calor, com a temperatura máxima de 34 ºC.
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A cena capturada pelo Marcelo Carnaval está a se parecer mais com aquelas praias também lotadas dos litorais de países asiáticos, quando o tempo também anda bom.
Com praias lotadas daquele jeito lá e desse jeito no Rio de Janeiro, o que significa “aproveitar”?
Aproveitar pra mim é não sair da minha cidade, não entrar em engarrafamentos em rodovias, não ficar em filas de carros por mais de quatro horas pra pagar simples pedágios – duas horas na ida e duas horas na volta -, não entrar numa fila pra comprar pães numa padaria de uma cidade litorânea e ainda ter que esperar o pão assar, não ficar frustrado por não achar peixe fresco pra comprar diretamente dos pescadores em alguma praia e ter que comprá-lo congelado mesmo no supermercado, não ficar em filas de restaurantes, pizzarias ou outras bodegas do gênero esperando uma mesa ser desocupada, não ficar... Não ficar...
E estando lá, rezar pra tudo quanto é sagrado pra não ter uma atroz e malvada dor de barriga, advinda de alguma porcaria estragada que se comeu por lá e que proporcionará um inesquecível vai e vem ao banheiro pra se aliviar da diarréia braba que provoca espasmos intestinais intercalados de cinco em cinco minutos. E haja papel higiênico!
E tem continuação: como a dor de barriga não para e a caganeira nunca termina, vai-se ao hospital que atende ao plano pessoal de assistência médica e lá se encontram novas filas, todas compridas. Tem a fila pras pessoas menores de 60 anos e aquela pra gestantes, mães com recém-nascidos, portadores de deficiências físicas e, como não podia deixar de ser, de idosos.
Entrando na segunda fila, em vez de diminuir, a fila sempre aumenta, porque gestantes e mães com recém-nascidos têm prioridade sobre os demais e elas nunca param de chegar. Assim, depois de uma meia hora na fila, percebe-se, quase sem acreditar, pelo movimento dos carros da rua, que a sua posição mudou de dentro do centro de atendimento para a calçada da rua
E, depois de mais uns vinte minutos, nota-se que a fila não anda e – em algum momento - escuta-se uma voz vinda de algum lugar sinistro do local de atendimento dizendo pelos alto-falantes que “o médico – veja bem, o médico, quer dizer, um médico – acabou de telefonar e disse que dentro de uma ou 2 horas estará aqui. No momento, está com o seu carro engarrafado no pedágio de Itatiaia.” Ou da Imigrantes ou da Anhanguera, agora tanto faz!
Percebe-se, terrivelmente, que já se está naquela fila há mais de duas horas. Nesse longo espaço de tempo, que a gente compara a uma era geológica da Terra, já se foi umas quatro vezes ao sanitário, dali mesmo. Em todas as vezes, o mesmo cenário: uma fila, com todos os participantes parecendo ensaiar uma coreografia para alguma dança, todas com as duas mãos na barriga, girando e olhando pra cima, como se quisesse falar com Deus. Têm a cara totalmente desfigurada pela aflição e dor e percebe-se que alguns estão até enxugando lágrimas!
Alguém não consegue se dominar. Vai à frente da fila, bota a boca num furo da divisória – que é o único canal de comunicação dos que estão na fila para os que trabalham ou tomam conta do local, a divisão entre o céu e o inferno - e pergunta:
“- Ceis têm pelo menos um remedinho pra dar pra gente tomar e aliviar a dor de barriga?”
Lá de dentro vem uma voz cavernosa - que parece ser de homem - que diz:
“- Remédio aqui só com receita médica!”
E o infeliz volta a falar pelo buraco, com a voz num tom de angústia, do jeito mais angustioso que consegue fazer:
“- Mas eu não aguento mais de dor, doutor (doutor, general, vossa excelência, aí, nesse momento e nessa situação, vale tudo)!”
Novamente lá de dentro vem outra voz cavernosa, diferente da primeira, com um tom de taquara rachada – que parece ser de uma mulher gorda - que diz:
“- Toma um Melhoral! Ali na esquina tem um botequim que vende!”
“- Mas Melhoral não é pra dor de cabeça, doutora?”
“- Isso mesmo! Pra DOR, como o senhor disse, e dor é dor. Mas se não curar, pelo menos ele não faz mal!”
Melhor terminar por aqui, esbravejando gratuitamente, mesmo porque não estou em tal situação: pombas, melecas, isso não é aproveitar; é sofrer!
E lugar de sofredores é no inferno, que também anda lotado. E mais, curto e grosso: detesto praias, geleiras e as regiões acima e abaixo dos círculos polares do norte e do sul, respectivamente!
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- I bibida prus músicus!
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