quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Idéias para um túmulo


Pode ser que você não goste da idéia de ficar imaginando com o quê as pessoas, conhecidas ou desconhecidas, pensarão ou falarão a seu respeito quando você partir desta para melhor, ou abotoar o paletó, como se diz naquele linguajar respeitoso ao se falar de terceiros - que já viajaram pra lá e nunca mais voltarão.

Faço esta postagem com o único propósito de alertar a todos os visitantes deste blog que tiverem o saco de vê-la – o qual blogueiro titular deseja que nenhum de vocês morra antes dele - de que um dia isso acontecerá, querendo, ou não, e que talvez este já seja o momento propício pra colocar esse assunto em dia na sua agenda, como uma das providências a serem cumpridas como seu último desejo por aqueles que o cercam.

Eu já sofri esse tipo de alerta e vendo outro dia na internet algo afim com ele, com imagens e alguns textos, fiquei um pouco encucado com o quê um dia será uma realidade para o meu caso, sem mim. Então, alguns dias depois, estava eu sentado no vaso da verdade, no Walter closed (Botei Walter só de sacanagem, pois sei que o correto e water, o Zé Mané!) da minha casa, no transcurso de uma madrugada modorrenta que teimava em não virar dia, quando me veio a brilhante e extravagante idéia de transformar em post o motivo daquela encucação.

Desta forma, o assunto, que poderia simplesmente se extinguir numa conversa banal e fantasiosa, tomou forma e consistência e talvez não morresse simplesmente naquela roda de aposentados que se reúnem diariamente na mesma praça, no mesmo calçadão da cidade ou mesmo no mesmo (Eita!) botequim de nossas preferências, alguns amuletados, outros, portadores de síndromes e doenças várias, combinadas ou não, e que todo dia repetem a mesma ladainha, exceptuando-se das ocasiões – de dois em dois dias – em que a citação completa da enorme relação de remédios que devem tomar a tal e tal hora assume certa prioridade nas discussões.

Depois do próximo parágrafo volto ao assunto, porque agora, antes que eu me esqueça, devo abrir um pequeno parênteses para explicar que aquela minha atitude de ficar ruminando sobre o vaso da verdade, no walter closed da minha casa, remonta à época posterior em que abandonei as fraldas, criei altura suficiente e aprendi a me acomodar sobre ele, numa hora de puro relaxamento em que não tenho ninguém pra me aporrinhar o saco e quando então gozo de momentos que são dos mais íntimos e sossegados do meu dia-a-dia, ou da minha madrugada-a-madrugada. É quando acontece (Coisa rara!) algo espetacular comigo, maior do que uma explosão de luz de uma estrela nova, algo assim, digamos, de pura clarividência, beirando as raias da santidade, a partir de onde consigo concatenar inúmeros pensamentos aparentemente desligados um do outro e boto pra fora, finalmente, o resultado dos meus cálculos e das minhas meditações mais profundas. É nesse lugar onde, honestamente, criei e realizei - e crio e realizo ainda - muitos dos projetos mais gratificantes do meu trabalho intelectual e também da minha vida profissional. Fecha parênteses.

Vai daí – e voltando ao principal - que resolvi realizar esta postagem, a qual procura mostrar um outro ângulo, na verdade, uma nova fachada sobre o quê as pessoas pensarão ou falarão a seu respeito depois de morto, enterrado e transformado em pó. Não considere os seus parentes, amigos e - não tem como fugir deles - também os seus inimigos, como aquele cunhado filho-da-puta que um dia lhe serviu um pastelzinho recheado com barbante e o amigo produtor de queijo lá de Minas. Ééééé! Aquele mesmo! Aquele nazarento, de sobrenome Perêra, do qual você dizia ser um dos seus melhores amigos, foi fiador dele e acabou levando um cano desgraçado, correspondente ao valor da respectiva promissória. Todos esses, enfim, nunca o esquecerão por causa da carreta ou trem de bons ou maus exemplos que você deixou e que lhes veem à lembrança sempre que o seu saudoso nome for mencionado. Considere, nas conjecturas desta postagem, as pessoas que não o conheceram pessoalmente e passarão em frente ao seu túmulo, verão o seu nome, ou só o nome da sua família – como é o meu caso: Familia Duarte.

Para essas pessoas, o seu túmulo dirá muito sobre você, principalmente se tinha dinheiro, ou não. Este é o primeiro e principal critério para avaliar o puder que você tinha e a personalidade que habitava em seu interior. Poderá dizer como foi a sua vida e o quê as pessoas pensavam sobre você quando ainda era vivo. Finalmente, mesmo depois de morto e devorado pelos vermes, o seu túmulo poderá ser motivo de notícia de jornal do seu bairro ou da sua cidade, do Jornal do Brasil ou do O Estado de São Paulo, pode ser que da A Folha de São Paulo também, quiçá até mesmo recordista de visitas com um vídeo de uma hora de duração no You Tube, por causa de uma característica de sua construção ou montagem, por causa de um mito ou de uma lenda sobre ele ou de seu(s) morador(es), ou por causa de um avião ou meteorito que caiu exatamente sobre o dito cujo já tantas vezes repetido aqui!

Na sequencia, veremos alguns túmulos espalhados por esse mundão, onde alguma coisa que os seus moradores exprimiam – ou exalavam – ficou registrado em esculturas, lápides ou coisas que os valham. Quem sabe daí não saia uma idéia pra você, pelo menas, começar a discutir com os seus arquiteos e engenheiros!

Observações:

As imagens e textos (em inglês) são
deste post, cujo título em original é Craziest Headstones, do blog Oddee.com. O quê não consegui traduzir para o português, mesmo com o auxílio do tradutor do Google (link), o melhor tradutor que já encontrei na internet, botei do jeito que acho que o blogueiro de lá também botaria. E salve-se quem puder!


Você sabe que é um Super Geek (?) quando seu túmulo é um computador. Vai ser fanático por computador assim lá na casa do caraio.


Sem legendas no original. Chutando, acredito que não deu pra fazer a estátua do motoqueiro porque ele morreu esmigalhado sob as rodas de uma carreta de 8 eixos, carregada com 48 t de cimento, que ia de Glendale’s Southern Pacific Railroad Depot para New Hampshire.


Outra imagem sem legendas. Desse motoqueiro deu pra fazer a escultura porque ele, seguramente, não foi atropelado por uma carreta de oito eixos, carregada de 44 t de pescados, que voltava de New Hampshire para Glendale’s Southern Pacific Railroad Depot.


Outra imagem sem legendas. O que existe de interessante nela é o que está escrito no túmulo do seu segundo plano, em hebraico, difícil de se ler, mas que traduzido para o nosso idioma deve dizer “Parti, chorando, sem dinheiro, mas tomara que eu volte pra recuperar tudo!”.


Este tumulo está localizado no Cemitério da Recoleta, no bairro de mesmo nome, na cidade de Buenos Aires, na Argentina.

O que ele tem de incomum?

Bem, ele tem a escultura de um homem sentado em seu sofá, olhando sério para o horizonte e, do outro lado, a escultura de uma mulher, de costas para a primeira e olhando opostamente para qualquer outra coisa que não seja a da visão do homeml

As esculturas foram instaladas desse modo porque ele morreu primeiro e a sua família providenciou a construção do seu mausoléu. Alguns anos depois, quando sua esposa também faleceu, ela pediu em seu testamento para a sua escultura ser montada da forma como está e que vocês estão vendo, de modo a representar o seu casamento: eles passaram os últimos 30 anos sem falar uma palavra um com o outro.


Erma Bombeck (1927-1996), norte-americana, famosa colunista e humorista de jornal, mandou que se usasse uma pedra de 14,5 toneladas do deserto de Phoenix como seu túmulo. Puta-que-pariu! Se um carioca tem a mesma idéia... O Pão-de-Açúcar... As pedras do Corcovado e da Igreja da Penha...


Uma estátua de bronze em tamanho natural marca o túmulo do famoso jornalista Victor Noire. Ela o representa como se tivesse acabado de cair na rua após ser baleado durante uma entrevista por Pierre Bonaparte (sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte). Devido a sua perícia na arte romântica, este é um dos monumentos mais populares no cemitério e as mulheres acreditam que, ao colocar uma flor no chapéu, depois de ter beijado a estátua nos lábios, ter esfregado os sapatos e esfregado também a sua "área" , tudo isso irá lhes trazer fertilidade, uma vida sexual apaixonada, ou um marido dentro do ano. Como resultado da lenda, a "área" afetada da estátua, incluindo o rosto e os sapatos, são bastante manchados. Em 2004 foi construído um muro ao redor da estátua para proteger as pessoas de tocá-la, mas ele foi retirado pouco tempo depois.


Pelo menos, essas sepulturas em Israel têm uma receita com elas e com isso são de uma utilidade disgramada. Uma é para coockies e a outra para um bolo, coisas em que as pessoas que morreram e lá foram enterradas eram boas na sua preparação. Se eu já não tivesse o meu túmulo todo arrumadinho, coberto e cercado de mármore preto, mandava botar a receita completa da feijoada papagoiaba(link) que eu mesminho criei.


O túmulo de Charles Pigeon no cemitério de Montparnasse, Paris

Sua invenção e fabricação da lâmpada Pigeon, uma lâmpada de gasolina que não explodia (nem explode ainda, acredito!) em 1884 (exibido na Exposição Universal de 1900), o tornou famoso e rico. A principal característica do seu túmulo e da sua família é que ele foi totalmente fundido em bronze, em tamanho natural, representando Charles Pigeon (com caderno e lápis na mão) e sua esposa deitada em uma cama.


Sem legendas na imagem, apenas o título ”O pedreiro”. Se a moda pega, o maquinista de uma maria-fumaça...


Para este túmulo, de localização indefinida, cuja imagem capturei no blog Orapois.com (link), algum engraçadinho postou dizendo que era um banco anti-mendigos. Na realidade, como está escrito na lápide, o seu morador, um tal de senhor Leonard Ball, detestava pessoas gordas! Mas que sujeitinho discriminador! Deve estar ardendo no inforno!

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- I bibida prus músicus!

2 comentários:

maninha.vargas@hotmail.com disse...

Adoro arte cemiterial foi curioso!

Norival R. Duarte disse...

Salve, Maninha Vargas!

Concordo com voce: existem muitas coisas a serem admiradas como arte nos cemitérios.

Obrigado pela visita e meu blog e pelo comentário deixado nele.

Grande abraço.