quinta-feira, 12 de junho de 2008

Drama (?) numa família papagoiaba

Seu Quinca foi hospitalizado e os filhos, netos e bisnetos vieram de todos os cantos do Vale do Paraíba, de São Paulo e do Rio para acompanhar a sua agonia. Veio gente até de Belzonte e de Curitiba.

Como a coisa estava muito feia para ele, há muitos dias derrapando na taboa da beirada, os médicos deixaram que os parentes o levassem para sua casa, para cumprir seu último desejo: o de morrer em casa, ao lado de seus entes queridos. Foi para o quarto e as visitas foram se revezando para consolar e confortar Seu Quinca em seus derradeiros momentos de vida.

De repente, Seu Quinca sentiu um aroma maravilhoso que vinha da cozinha. Era a Dona Joaquina, sua querida esposa, terminando de refogar com alho e sal um grande caldeirão onde borbulhava, ainda no fogão à lenha e cheio quase até a boca, um suculento e cheiroso mocotó, com batatas e cenouras, do jeito que o diabo gosta.

Os olhos do Seu Quinca brilharam e ele se reanimou.

Então, pediu a um bisneto que estava ao lado da cama:

- Gustavinhu! Vai na cuzinha e pedi um pedaçu di mocotó pra vovozinha!

O guri foi e voltou muito rápido.

- I u mocotó? - Perguntou Seu Quinca.

- A Vovó disse qui não!

- Mais purcausdiquequi não, puta merda, mais qui veia disgraçada! Queca fiadaputa falou?

- A Vovó dissi qui é pru velóriu!"

~.~.~.~.~.

- Piada contada pela amiga Célia Borges. Em verdade, em verdade, vos confesso: a piada original se passa na Itália e o prato é um pastiére de grani italiani ao forno, mas eu quero mais é que os italianos aprendam a comer mocotó em velórios.

- I qui no velóriu du Seu Quinca role muita cachaça, que é uma bebida suave e combina muito bem com mocotó com batatas e cenouras!

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