Na minha crônica “Os ex-buracos da minha rua”, publicada ontem, caí no buraco lingüístico da incerteza em utilizar a palavra “mau” - ou seria “mal”? – no trecho “... serviços mal feitos pela...”. Afinal, meu nome pode ser Norival ou Norivau, vá proscambal ou proscambau, a gente fala do mesmo jeito! Mas que tem diferença na pronúncia... ah! lá isso tem, sim senhor, sim senhora. Quer ver? Ou melhor, ouvir? Peça para um gaúcho falar “Norival” – Mas gaúcho mesmo, que nunca saiu de lá! Daquele tipo machão, com bombacha, bota, cachecol e facão! - e fique prestando bastante atenção, olhando pra boca dele. Ele vai falar “Norival” de uma forma diferente de você, papagoiaba, carioca, paulistano ou paulista. Ou mineiro. Ou Xanxeresense. Você poderá ver a ponta da língua dele virada para cima, quase encostando no palato, ou céu da boca, quando ele pronunciar a última sílaba da bosta desse nome, a sílaba “val”. A pronúncia do gaúcho é a correta porque o “l” é propriamente chamado de consoante oclusiva pelo fato da sua pronúncia ou sua fonética só poder ser realizada se o fluxo de ar vindo dos nossos bofes sofrer uma oclusão ou fechamento parcial da sua saída pela boca, com a língua agindo como uma comporta de uma barragem. Quer ver, aliás, ouvir algo mais? Peça para um suíço ou alemão também falar “Norival”. Você ficará boquiaberto ao ver que ele pronuncia a letra “l” igualzinho ao gaúcho, só que a palavra sairá arrrrrrastando mais um “r”, saindo um “Norrrrival”. Peça para uns desses dois bunda-brancas falar “Araraquara”, “Araçatuba”, “Araribóia” ou outras quetaismente. Você vai cagar de rir, pois eles dobrarão todos os “r”! Gozado, né? Aliás, esse “né” da pergunta aí do ladim me levou a outra estripulia lingüística: por causa do “l” e do “r”, você pode identificar se um cara é japonês ou chinês, porque enquanto o primeiro não consegue falar o “l”, o segundo não consegue pronunciar o “r”. Na palavra “lero-lero” é onde acontece o maior rebu, pois enquanto o japonês diz “-É rero-rero, né?”, o chinês diz “- É lelo-lelo, né”! Se forçar a barra e pedir para eles falarem “parabólica” ou “paralelepípedo”, você terá uma crise intestinal ou menstrual de tanto rir!
Ara, domingos de ramos! Prossigamos com o tema principal, sem fugir proutro quintal filosofal:
Regra n° 1*- “Mal cheiro”, “mau humorado”. Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mal intencionado, mau humor, mau jeito, mal-estar.
Ara, domingos de ramos! Prossigamos com o tema principal, sem fugir proutro quintal filosofal:
Regra n° 1*- “Mal cheiro”, “mau humorado”. Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mal intencionado, mau humor, mau jeito, mal-estar.
* Esse número é seqüencial mesmo e eu obedeço à seqüência – de 1 a 100 – para não me perder. Se quiser, pode copiar ela toda daqui, o!
- Fonte: Blog do Rev. Ibrahim César - 1001 Gatos do Schroedinger
- I bibida prus músicus!
2 comentários:
Orra meu! Virou professor de português? E dos bons, hein! Valeu, Norival. Gostei do "lero-lero" na pronúncia dos orientais. Ri muito, já tinha ouvido antes, tenho amigos chineses. Abração e bom fim de semana.
Salve, Ery!
Na verdade, me preocupo bastante com a forma como escrevo. Não consigo, porém, me fixar em normas certinhas, elitizadas. Vira e mexe tenho que introduzir naquilo que escrevo uma palavra ou uma expressão que ouço com constância, desde que pareça normal, mesmo que fugindo da rigidez das regras da nossa língua.
Existem muitos mestres da nossa língua que se utilizam desse recurso, até criando termos e expressões novas que, verdade seja dita, fazem, pelo menos para mim, que os seus textos ganhem destaque.
Sei lá! Persigo esse estilo, mas me falta muito fôlego pra chegar lá.
Abraços e um bom fim de semana pra você também.
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