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domingo, 30 de março de 2008

Mundo moderno - Chico Anysio

Toda a matéria deste post foi escrita por Adriano Senkevics em 17 / março / 2008.
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Ao entrar no Blog Internacional deparei-me com um vídeo muito bom do Chico Anysio interpretando um poema de sua autoria chamado Mundo Moderno. Parece que esta cena foi retomada por um especial de 18 anos de Jô Soares na Rede Globo. Veja que só que poema criativo:
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Mundo Moderno

- Chico Anysio

Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio - maior maldade mundial.

Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.

Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.

Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.


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Acho que nem há o que acrescentar. O fato de todas as palavras começarem com a letra ‘ m ‘ dá um charme e deixa o poema muito mais atraente. A interpretação de Chico Anysio serviu bastante para preencher a lacuna que há pela ausência de preposições, artigos, pronomes; a poesia é composta praticamente de substantivo, adjetivo e verbos. Ainda por fim, ele termina o show imitando Louis Armstrong em “What a Wonderful World” que por si só já foi um show à parte. Espero que tenham gostado.

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I bibida prus músicus!

Update: Se você não conseguiu abrir o vídeo em "Blog Internacional", clique aqui, ó!

Língua Portuguesa e o Estrangeirismo

A língua portuguesa se parece muito com o Brasil cosmopolita. Nosso país abriga pessoas, que já formaram gerações, de diversas regiões do mundo – a nossa miscigenação tão falada. O paralelismo entre a nação e a língua é justamente pela introdução de fatias de outras culturas.
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Quanto aos estrangeirismos, algumas expressões já foram “abrasileiradas”, como o caso do verbo ‘deletar’. Outras são usadas do jeito original, como fast-food, overbook e outras expressões que facilmente poderiam ser trocadas por um similar nacional, mas que insistem em permanecer como exceções à regra.

O Projeto de Lei 1676, de 1999, de autoria do deputado Aldo Rebelo, procura eliminar o uso desnecessário dessas expressões, na tentativa de valorizar a língua nacional. A polêmica em cima disso reside no seguinte questionamento: é realmente necessário proibir por lei o estrangeirismo? Se for o caso, a lei surtirá efeito?

Na minha opinião, a resposta para ambas as perguntas é ‘não’. Primeiramente, mesmo sendo contra o uso excessivo de estrangeirismos, não considero válida a criação de uma lei para este fim. Cada um deve usar ou não a língua portuguesa por uma questão moral, e não legal. Além do mais, a língua é um importante “indicador de soberania cultural”, por isso, se o português está desvalorizado, não será uma lei que reverterá este problema.

Todavia, lamento pelo excesso de expressões inúteis que encontramos na publicidade, tanto de TV quanto em outdoors (esta palavra já é praticamente consagrada no idioma), e também no mundo de negócios. Expressões toscas como go ou not go são totalmente descartadas.

O motivo da valorização de estrangeirismos, em especial de origem norte-americana, é o contato cotidiano com o inglês, devido à globalização, que gerou uma certa idéia de status (outra expressão estrangeira), assim, parece mais fino falar pelas expressões que exigem uma ‘forçadinha’ no sotaque. Além do mais, demonstra mais intimidade com outras línguas, parecendo que domina não só o português, mas o estrangeiro também.

Se a população está agregando ao seu vocabulário cada vez mais palavras estrangeiras, enquanto desconhece a própria língua, o problema está no que causa isto tudo, e não na conseqüência. Estrangeirismo é apenas uma conseqüência da crescente convivência, absorvendo diversos costumes, com a cultura norte-americana. Herdamos muitas características do nosso vizinho estadunidense, como a arquitetura atual da cidade, o hábito de andar em grupos, tribos urbanas que provém daquela cultura, há grande contato com a música ianque muito mais do que com a de outros países, as comidas rápidas ou semiprontas, a grande audiência de filmes hollywoodianos etc.

Tudo encaminha a uma interseção de línguas: em alguns pontos bem dosada; em outros, exageradamente inútil. Diante dessa relação costumeira do uso, mesmo que indevido, proibir estrangeirismos por lei seria tão inútil quanto proibir desvios gramaticais ou gírias. Será que realmente vale a pena este confronto? Não seria melhor pensar por que uma pessoa prefere um termo estrangeiro em vez do nacional? São pontos, logicamente, muito mais difíceis de serem tocados. Talvez por isso sejam ignorados.

- Fontes: Ítalo de Paula, do blog Critica e Reflexões, texto de Adriano Senkevics, do blog Letras Despidas