A figura desse garotinho carregando água me faz lembrar de uma situação semelhante que ocorria e que eu observava quase todo dia na minha cidade, de segunda a segunda, lá pela década de 1950, quando eu também era uma criança.
O fato era que pessoas do Bairro do Alto dos Passos, situado num dos morros mais altos da cidade, desciam a pé de lá até ao bairro contíguo, chamado de Centro (hoje denominado Centro Histórico), perto de onde eu morava, e vinham até ao local onde se encontrava o prédio que comportava a prefeitura, a câmara municipal, a cadeia e o tribunal do júri. Assim mesmo, tudo junto, mas com as suas respectivas divisões.
Vinham para apanhar água numa única torneira que existia ao lado desse prédio, para o quê tinham sempre que enfrentar uma razoável fila. Ali enchiam suas vasilhas e latas de 20 litros , estas as mais utilizadas, que, a seguir, de volta, eram levadas nas mãos ou nos ombros, na dura tarefa de, agora, subir o morro com a preciosa carga.
Era um vai-e-vem de pessoas nesse afã, o dia inteiro. Sem medo de errar, 90% dos carregadores eram de mulheres.
Mais tarde, não sei quando, mas ainda nessa década, acredito, a água encanada chegou lá em cima e aquele vai-e-vem de pessoas, com o seu sofrimento e a sua carga, acabou.
Hoje, o mesmo prédio, tombado como monumento histórico do município, comporta a Biblioteca Municipal.
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- Imagem recebida com um email da amiga Luiza Maria Maneiras.
- I bibida prus músicus!
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