quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vende-se cão que fala


Um cara dava as suas pedaladas matinais por uma estradinha lá pelas bandas de Vargem Grande quando viu uma placa na frente de uma casa onde se lia: “VENDE-SE UM CACHORRO QUE FALA”. Ele dá uns gritos, chamando por alguém, o próprio dono da casa o atende, fica ciente do interesse do cara da cidade pelo cachorro, diz que ele está atrás da casa, preso na coleira e que ele poderia entrar e ir bater um papo com ele.

O cara entra no quintal, passa para a parte de trás da casa e vê um bonito olhar na cara de um vira-latas de porte médio, de pelagem curta, com manchas brancas e pretas, de pé, assim como suas orelhas, olhando curioso para ele com ar de boas-vindas, balançando o rabo sem parar e amarrado na coleira que estava presa a um mourão de madeira.

Aproxima-se, faz-lhe um afago na sua cabeça e pergunta:

- Você fala?

- Sim! – Responde o cão.

O cara quase cai para trás ao ouvir o cachorro. Fica meio abobeado, mas recupera-se do susto e diz-lhe:

- Então, conte-me a sua história, que deve ser maravilhosa.

O cachorro olha pra cima, dá um suspiro, encosta o traseiro no chão e começa a falar:

- Bem, eu descobri que podia falar quando ainda era bastante jovem. Então procurei um emprego na Polícia Federal, que me contratou para a seção de combate ao tráfico de drogas. Trabalhei em diversas favelas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, enfim, conheci praticamente todas as favelas do Brasil. O meu trabalho consistia em me meter no meio deles – quem desconfiaria de um cão espião? – e descobrir quem eram os traficantes, quem era quem dentro dos esquemas criminosos, quais os mais perigosos e depois contar tudo pra polícia, que então armava o modo de combatê-los.

Fui um dos espiões mais valiosos durante oito anos seguidos, mas a vida e o trabalho em favelas me levou a um situação de completo esgotamento e eu não já não era mais tão jovem. Resolvi, portanto, aposentar-me.

Os oficiais do Alto Comando da Polícia Federal, no entanto, não aceitaram o meu pedido de aposentadoria e me convenceram de que, mudando de área, talvez eu recuperasse o interesse pelo serviço de espionagem.

Passei, assim, a trabalhar no Aeroporto Tom Jobim, no Rio, e depois no Aeroporto André Franco Montoro, em Guarulhos, por cujos corredores e salas eu vagava, como quem não queria nada, mas observando e ouvindo atentamente, de perto, os tipos suspeitos, cheirando malas e maletas discretamente, e, depois, relatando tudo aos responsáveis pela continuação das observações.

Descobri procedimentos incríveis nos modos de contrabandear drogas e objetos e, depois de uns quatro anos, resolvi aposentar-me de maneira definitiva, sem possibilidade de voltar à ativa.

Recebi um lote de medalhas pelos serviços prestados, casei-me inúmeras vezes – na favela, principalmente, eu me casava uma meia dúzia de vezes por ano – e tive uma confusão de filhotes.

Agora, estou aqui, à espera de um novo dono, porque o atual não aguenta mais conversar comigo, tem uma conversa muito centralizada, só sabe falar de leite, gado, fabricação de queijo, lingüiça e essas coisas da roça. É por isso que ele quer me vender. Aliás, cá entre nós, eu é que não aguento mais conversar com ele. Quero ter um dono que tenha pensamentos mais aprofundados sobre um monte de assuntos, que seja eclético, enfim.

O cara fica assombrado e vendo que o proprietário do cachorro os observa, pergunta-lhe quando ele quer pelo mesmo.

- Dez Reais! – Diz o dono.

- Dez Reais? - Espanta-se o cara. – Esse cão é assombroso! Por que você o está vendendo tão barato?

- Porque ele é um grande mentiroso, um filho-de-uma-cadela. Ele nunca fez porra nenhuma do que disse a você.

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- Fonte: Adaptação do blog Joe-ks.com.

- I bibida prus músicus!

2 comentários:

Daniel Sakura disse...

Otima, ótima MESMO!!!

comecei vendo o site por curiosidade mas parabens, dá para se divertir muito aqui ^^

Norival R. Duarte disse...

Que bom que você tenha gostado do meu blog, Daniel.


Grande abraço e volte sempre!